domingo, 5 de agosto de 2012

"Cada vírgula possui uma intensidade de existência minha."

Minha história com Dhara...

Bom, não foi  a mais comum e planejada, mas é a mais deliciosa história de amor que o ser, em vida, pode almejar. Hoje, revendo arquivos, encontrei o meu diário. Escrevi muito durante a gravidez... tudo documentado, para mais tarde partilhar, com Dhara, a sua história, a nossa história...
E era assim que começava...

"Cada vírgula possui uma intensidade de existência minha..."

Salvador, 26 de janeiro de 2009

Começo hoje, 26 de janeiro de 2009, 23:50, um relato, depoimento, confissão, sei lá o que, em um diário virtual. Canso quando escrevo à mão. 
Perco o sono e sinto-me assim: só, cheia de um amor velado. Outrora tive sonhos pasmos, que fizeram minhas pernas entrelaçar o travesseiro, este, meu companheiro leal. 
(...)
Um dia acordo e vejo-me mãe... O que é isto? Nunca poderia ter me imaginado de forma tão plena. Tenho medos; ainda tenho medo do inesperado! Tento afirmar e reafirmar a todo o momento que será bom! Será bom?

Vago incansavelmente em meus pensamentos... Dhara! Este é o nome que escolhi e que a ti torno cúmplice. Não foi um acaso este nome, sonhei com ele... Aquela velha voz feminina (já ouvida em outros momentos) - como quem fala uma anciã - soou em meus ouvidos um nome. Rápido e certeiro o seu recado chegou ao meu cérebro, mais rápido ainda corri para o vício que me devora: internet. Então, Dhara: fluxo contínuo!

Um fluxo contínuo em mim!?! Mais pensamentos vagos na noite finita. 
(...)
A primeira ultrassom. Meu bebê já tinha coração, cabeça, nádegas, suas batidas eram 141 por minuto. Lindo, meu quase-ET. Pouco mais que 1cm e já era vida dentro de mim, tinha sete semanas e um dia. Que emoção a minha. Para mim era vida, estava em mim e permaneceria ali, decidi deitada na maca.

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Salvador, 03 de fevereiro de 2009


Dhara, você está bem maior meu bebê e mamãe te ama cada vez mais. Você é minha luz, minha força, meu guia e tudo respira e conspira de outra forma desde que você surgiu.

(...)
Finalizo o relato deste dia agradecendo a todos que compartilham estes momentos comigo. Aqueles que, verdadeiramente, me estendem a mão amiga, o ombro absorvente, o dengo, as delícias, o prazer; que dividem as preocupações. Agradeço àqueles que, carinhosamente, beijam minha barriga e se preocupam com meu bem estar. Sobretudo agradeço a Deus que me dá forças e luz e à minha família, sem ela nada disso seria possível.


"Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer o que quero. Tenho felicidade o bastante para fazê-la doce, dificuldades para fazê-la forte, tristeza para fazê-la humana e esperança suficiente para fazê-la feliz.”

Era intensa aquela época e o relatos, lidos hoje, ainda me roubam as emoções.

Dhara, minha linda filha, como diz Clarice Lispector: cada vírgula possui uma intensidade de existência minha. Cada vírgula desse diário e agora deste blog tem a intensidade da nossa história.